Herdeiros de Atlântida - Eduardo Spohr

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 Minha avaliação: 86/100                                                                                         


E os herdeiros de Atlântida?

Há uma guerra no céu. O confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas, as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante. Enquanto os querubins se enfrentam num embate de sangue e espadas, dois anjos são enviados ao mundo físico com a tarefa de resgatar Kaira, uma capitã dos exércitos rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A missão revelará as tramas de uma conspiração milenar, um plano que, se concluído, reverterá o equilíbrio de forças no céu e ameaçará toda vida humana na terra. Ao lado de Denyel, um ex-espião em busca de anistia, os celestiais partirão em uma jornada através de cidades, selvas e mares, enfrentarão demônios e deuses, numa trilha que os levará às ruínas da maior nação terrena anterior ao dilúvio – o reino perdido de Atlântida.

Resenha livre de spoilers.

No geral, foi uma leitura divertida, bastante diferente do seu livro de estreia. Continuo preferindo A Batalha do Apocalipse, porque é um livro épico e extraordinário, que me fez abrir os olhos para a literatura fantástica nacional. Demorei a pegar Herdeiros de Atlântida para ler, pois pensava que era uma continuação (shame). Antes de começar a resenha, devo deixar claro que os eventos narrados em Filhos de Éden se passam antes de ABdA e que ele não é uma continuação deste. 

O livro começa quando dois anjos de castas e de personalidades distintas recebem a missão de encontrar Kaira, uma capitã do exército de Gabriel desaparecia na Terra durante uma missão secreta. Eventualmente, eles a encontram, porém Kaira não sabe quem ela é nem tem respostas às suas perguntas. Na tentativa de recuperar as suas lembranças e de reaprender a controlar os seus poderes, Kaira embarca numa aventura emocionante digna de filmes hollywoodianos.

Como é de se esperar, a narração das cenas de ação são incríveis e bem descritas, de forma que me fez ansiar por ver a história transportada ao cinema. Daria um ótimo filme de aventura, com direito a explosões, a destruição de templos e a hordas de monstros implacáveis. 

Além de contar a história de como o Apocalipse se iniciou e de expandir o universo que criou, o objetivo de Spohr foi explicar como esse mundo funciona. Pelo fato de a Kaira ter esquecido sobre quem é e o que é capaz de fazer, os outros personagens precisam explicar a ela - e, consequentemente, ao leitor - sobre as castas dos anjos e os seus poderes, sobre a guerra entre os arcanjos Miguel e Gabriel, sobre as dimensões paralelas que se sobrepõe e como os anjos transitam entre elas. Por causa disso, a leitura se torna mais rápida e menos cansativa, como no caso de ABdA.


"Fomos legitimamente escolhidos por Deus - relembrou com autoridade magistral. - O sétimo dia não é dele, é nosso. Nosso tempo, nosso reino, nossa era. Não há coisa alguma acima de nós."
 .

Dessa vez, Spohr transporta o leitor por uma viagem (leia-se fuga) pelo Brasil e o faz entrar em contato com outras divindades. 

Os personagens são interessantes e cada um tem uma personalidade bem marcante. Outro ponto positivo é o timing. Em vários momentos acontecem cenas de ação ou cenas com carga emocional intensa, porém o autor sabe administrá-las de forma que não fique massante.  Ademais, novamente, o autor usou de uma técnica que já estou julgando ser uma marca do estilo literário dele: As cenas do presente são intercaladas com as do passado para explicar a origem da guerra entre os arcanjos e a divisão do céu em dois polos opostos. 

Contudo, devo dizer que nem tudo me agradou. O primeiro ponto negativo foi o romance. Além de ser óbvio e repentino, eu achei muito forçado. Desde o começo o autor dá dicas de isso acontecerá, mas ele não conseguiu me convencer. Ele aconteceu rápido demais e, na minha opinião, no momento errado, com o único propósito de elevar o drama dos últimos capítulos.
Outra coisa que não gostei foi o título, porque ele não condiz o que é apresentando no livro. Eu passei o livro inteiro pensando: Ok, está tudo muito bom, mas e o que esses "herdeiros de Atlântida" tem a ver com a história? 

De fato, eles são fundamentais para a história, porém a Atlântida, seus mistérios e seus descendentes são os detalhes menos recorrentes no livro. Só os vimos no final e, em momento algum, eles são o foco do livro. Além disso, achei que certos diálogos também não condiziam com a personalidade do personagem e que o autor forçou a mensagem de auto-ajuda em algumas cenas.

P.s.: A sua versão favorita de "Can't take my eyes of you" ficará na sua cabeça.

Essa foi a minha opinião. E você, já leu algum livro do Spohr? O que achou? Deixe a sua opinião nos comentários.

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9 comentários

  1. Oi Isa, tudo bem?

    Que legal esse livro! Sempre quis ler algum livro do Eduardo... Que bom ler sua resenha (=
    Pelo que li, você ressaltou muito os pontos positivos, o que me deu bastante curiosidade hahahaha A história parece legal, e acho que eu consigo aguentar a mensagem forçada de autoajuda (amo livros de autoajuda) hahhaa

    Beijocas
    http://www.estantedasfadas.com.br/

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  2. Olá Isa!!!
    Eu li o A Batalha do Apocalipse e achei simplesmente incrível, não sei porque ainda não li os outros livros do Eduardo. Pela sua resenha esse livro também é muito bom, mas o problema são essas mensagens de auto-ajuda, não me convencem.
    Abraços

    estantejovem.blogspot.com.br

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  3. otima resenha, otimo blog parabéns, estou seguindo ...

    você poderia retribuir? criei meu blog ontem
    http://eaimarc.blogspot.com

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  4. Oláa!
    Não conhecia o livro ainda. Quando comecei a ler achei que fosse ficar boiando por não ter lido o livro anterior, mas já que não é uma continuação deu pra entender. rs
    Em geral eu me interesso pelo assuntado abordado, mas isso acontece mais pra filmes, pra ler eu nunca acabo pegando livros assim. Gosto de histórias que envolvam arcanjos, mas a todo momento em que eu lia a resenha eu pensava: "um filme seria legal", mas não despertava a vontade de parar pra ler, sabe? Acho que é a falta de hábito de ler livro desse gênero. Ainda mais quando você cita que o autor tenta passar algumas mensagens de autoajuda, acho meio chato isso inserido em um livro assim. rs

    Beijos,
    Fer - http://viciosemtres.blogspot.com.br/

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  5. Minha amiga ama essa saga. Eu ia ler o primeiro livro, mas li alguns comentários negativos a respeito e desisti. Mas talvez eu leia, já que a história me interessa.
    bjs bjs

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  6. Amo literatura nacional <3
    Uma pena o romance não ter te ganhado e o titulo também não rs acho que quase nunca vi ninguém reclamar de um título de livro antes. Vou procurar o primeiro lançamento do autor que te encantou mais ;)

    Beijos
    www.passaporteliterario.com

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    1. Também acho que nunca vi uma pessoa reclamar de um título antes kkk
      Mas, pra ser sincera, foi uma terrível escolha de título.

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  7. Hey!

    Nossa, eu sou completamente apaixonada por A batalha do apocalipse. Eu o li em dezembro ou janeiro, não lembro, e já saí caçando outros livros do autor para ler. Acabei me deparando com esse na livraria e não pensei duas vezes: trouxe pra casa! Mas acabei me enrolando com leituras e o coitado ficou esquecido, até hoje não li. Se você disse que daria um bom filme, provavelmente eu vou ficar bem envolvida no livro. Eu sempre leio vendo as cenas na minha cabeça, sabe? Então esses cheios de ação acabam sendo os que mais me prendem. Adorei saber que teremos maiores explicações sobre o universo criado pelo autor, porque terminei ABdA com algumas dúvidas. Ai, odeio esses romances apressados, affz.

    Beijos
    http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/

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    1. Eu também sou apaixonada por A Batalha do Apocalipse, apesar de ter sofrido bastante para terminar de ler. Quando terminei, lembro que também fiquei cheia de perguntas sobre como esse mundo funcionava. Mas, finalmente, eu estou entendo o universo mágico do Spohr.
      Eu também sou dessas que leem imaginando cada detalhe. Você, com certeza, vai adorar as cenas de ação. São muito fodas!

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