Everneath - Brodi Ashton
13:06Primavera passada, Nikki Beckett desapareceu, sugada para um submundo conhecido como Everneath, onde os imortais se alimentam das emoções dos humanos desesperados. Agora ela está de volta, para sua velha vida, sua família, seus amigos, antes de ser banida de volta para o submundo, desta vez, PARA SEMPRE! Ela tem seis meses antes de Everneath vir pegá-la, seis meses para dizer um adeus para o qual ela não consegue nem mesmo achar as palavras, seis meses para encontrar salvação, se é que existe. Nikki passa esses meses se reconectando com seu namorado, Jack, a única pessoa que ela ama mais que tudo. Mas tem um problema: Cole, o irresistível imortal que a atraiu para o Everneath a seguiu para o mundo mortal. E ele fará o que for possível para levá-la de volta, desta vez como rainha. À medida que o tempo de Nikki diminui e suas relações vão escorrendo por suas mãos, ela é forçada a fazer a decisão mais difícil de sua vida: encontrar um jeito de enganar o destino e permanecer na superfície com Jack ou retornar para Everneath e se tornar de Cole.
Everneath é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome, que propõe uma releitura moderna de dois dos meus mitos favoritos - o do rapto da Perséfone pelo Hades (eu e estudiosos dessa temática concordamos que não foi um rapto, ela desceu ao Submundo por vontade própria) e o da tentativa de Orfeu de resgatar a alma da sua amada Eurídice (também no Submundo). Com esta proposta, pensava eu que não tinha como dar errado; eu iria amar o livro, já estava certo. Porém, como já deu para perceber em outras resenhas minhas, altas expectativas são causadoras das minhas decepções literárias.
Os problemas começaram logo no início. Os primeiros capítulos são muito confusos, porque a história já começa no meio de uma ação - a Nikki "escapando" dos Túneis, os quais seriam a representação do Submundo da Mitologia Greco-romana. Então, ela retorna para a superfície alegando que passou cem anos em tal lugar, alimentando o Cole (que seria o Hades e o bad-boy que é mais legal do que o seu namorado) com suas emoções; por causa disso, nos primeiros meses, ela é incapaz de sentir verdadeiros emoções e tem dificuldade de se lembrar do seu passado na Terra. Apesar disso, ela parecia muito sã e terrivelmente emotiva. Ela sabia, sim, o que cada pessoa significava para ela, e não conseguia me convencer de que não sentia algo por elas. Eu resolvi ignorar esse furo e continuar a leitura, com esperança de que, em algum momento, eu entenderia o que estava acontecendo.
"I lost the ability to dream long ago. Dreams can’t exist where so much energy has been taken away.I had dreamed during my first few years—or maybe decades—in the Everneath. But as my own supply of energy dwindled, the dreams became shorter and shorter, until they disappeared completely. Along with all of my memories."
Felizmente, a autora teve o bom senso de intercalar capítulo sobre o momento presente com capítulos revelando o passado da Nikki, o que ajuda o leitor a compreender melhor a história, além de manter um bom ritmo e o suspense. Através deles, descobrimos o que levou a Nikki a abandonar toda a sua vida e seguir Cole para outro mundo - e cair num limbo não-existencial. Apesar de achar uma ação extrema, impulsiva e tola, não julgo a Nikki por sua escolha. Ela estava passando por um momento muito conturbado, e Cole se aproveitou disso para manipulá-la.
Algo que gostei muito no livro foi a sua mitologia. A autora misturou aspectos da mitologia grega com a cultura egípcia, de forma interessante, sem parecer bizarro ou sem sentido. Outra coisa que preciso ressaltar é o excelente trabalho que ela fez ao construir os personagens do Jack, o garoto bonzinho da história que fará tudo para salvar a protagonista, e o Cole, o garoto com intenções obscuras e sentimentos ainda mais dúbios. Eles são personagens incríveis, que ajudaram a movimentar a trama e a criar tensão nos momentos certos.
Apesar de existirem dois garotos, é óbvio a quem o coração da Nikki pertence, completamente.
Preciso abrir parênteses aqui: Não há um triangulo amoroso de fato, porém há bastante romance. Toda a história é movida pelo amor sem limites entre o Jack e a Nikki, de forma que todos os demais personagens (exceto o Cole) são reduzidos a meros transeuntes. A Nikki vive pensando que voltou para se redimir e para, dessa vez, se despedir apropriadamente das pessoas que ama; porém ela jamais faz algo que condiga com isto. Ela pensa o quanto sentirá saudades de certas pessoas e como gostaria de passar mais tempo com elas, mas ela não parece realmente se importar. A própria “melhor amiga” dela só teve utilidade enquanto pensávamos que ela e o Jack estavam namorando, depois que tudo fica esclarecido, nunca mais se têm noticiais da garota.
O suspense é arrastado sem necessidade, pois é possível descobrir algumas coisas muitas páginas antes de a Nikki conseguir compreender que há algo a mais acontecendo. Apesar disso, a leitura consegue fluir facilmente, talvez por causa da contagem para o fim dos dias da Nikki na superfície.
O final é óbvio, porém não deixa de ser incrível. Além disso, ele serve como um ótimo gancho para os acontecimentos do próximo livro, no qual, finalmente, conheceremos mais sobre os Túneis, a terra de Everneath e as criaturas que a habitam.
“I dreamed of you every night.” He briefly touched his lips to mine again. “It felt so real. And when I’d wake up the next morning, it was like your disappearance was fresh. Like you’d left me all over again.”
Minha avaliação: 72/100
Everneath é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome. Todos os livros já foram lançados nos EUA. No Brasil, apenas o primeiro livro foi lançado e não há notícias sobre a sua continuação.
Everneath é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome. Todos os livros já foram lançados nos EUA. No Brasil, apenas o primeiro livro foi lançado e não há notícias sobre a sua continuação.
1 comentários
Hey!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas já li um que também aborda o mito de Perséfone e eu também não gostei muito dele, é cheio de furos.
Seguindo aqui ;)
sete-viidas.blogspot.com