Água Viva - Clarice Lispector
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Neste longo texto ficcional em forma de monólogo, Clarice Lispector se confunde com a personagem, uma solitária pintora que se lança em infinitas reflexões sobre o tempo, a vida e a morte, os sonhos e visões, as flores, os estados da alma, a coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam. Tudo é revelado através do olhar dessa pintora-narradora, que cai em estado de graça em plena madrugada.
Um retrato do que é ser Clarice.
Água Viva é um livro de reflexões e de poesia. Dizer que o livro tem uma história em si e que segue fielmente a diretriz do plot seria ingenuidade, pois os livros da Clarice são permeados de diálogos entre o escritor e o leitor, de perguntas e de devaneios. E é sobre isso, essa característica nata da escritora, de que o livro se trata. Clarice tenta explicar a si mesma para o seu leitor.
Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento.
Porém, o livro tem, sim, um pressuposto de história, a qual só serve para ressaltar o objetivo da escritora. Como a sinopse já denuncia, pode-se dizer que Água Viva é um monólogo existencial da protagonista (que se confunde com a personalidade da Clarice), uma pintora que tenta captar a sutiliza do momento-já, do real e completo presente, em suas telas. Isso é um metáfora do que a própria Clarice tenta fazer, usando do artifício de fluxo de consciência para dar a impressão de que a narração flui seguindo o ritmo dos pensamentos que se desenrolam no momento. Por isso, uma hora, há enfoque na história; enquanto na seguinte, já se está falando de outra coisa, um simples devaneio que parece pouco ter a ver com aquilo que deve ser contado.
Não é essa a beleza de ler Clarice?
É revelada a melancolia dela, nem todos os dias, ela diz, sente vontade de estar feliz e rir, e que a escrita seja, talvez, um ato de salvação da alma de um mundo apático e, sobretudo, da loucura da mente que está sempre a questionar sobre as origens, sobre o significado das coisas.
Água Viva é uma leitura indispensável para os fãs de Clarice e para aqueles, que como ela, são puramente seres existenciais.
Não é essa a beleza de ler Clarice?
É revelada a melancolia dela, nem todos os dias, ela diz, sente vontade de estar feliz e rir, e que a escrita seja, talvez, um ato de salvação da alma de um mundo apático e, sobretudo, da loucura da mente que está sempre a questionar sobre as origens, sobre o significado das coisas.
Água Viva é uma leitura indispensável para os fãs de Clarice e para aqueles, que como ela, são puramente seres existenciais.
Nasci.Pausa.Maravilhoso escândalo: nasço.Estou de olhos fechados. Sou pura inconsciência. Já cortaram o cordão umbilical: estou solta no universo (…)Com olhos fechados procuro cegamente o peito: quero leite grosso. Ninguém me ensinou a quer. Mas eu já quero.
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