Em defesa dos fãs de Draco Malfoy
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J.K Rowling publicou uma biografia do Draco Malfoy em conjunto dos seus pensamentos sobre o personagem, em que ela ressalta que o seu propósito ao criá-lo foi mostrar um personagem com características de bullyings, cruel e frívolo.
Certamente, ela deve ter passado algum tempo pelas muitas páginas de fanfics dedicadas ao Draco no Fanfiction.net para escrever isso, pois fez questão de destacar que tem o dever de apontar para tolas garotas iludidas o tipo de pessoa horrível que Draco é.
Nas palavras da própria escritora:
“Por isso tudo, Draco continua a ser uma pessoa de moral duvidosa nos sete livros publicados, e por muitas vezes tive razão para ficar nervosa pelo número de meninas que se derreteram por esse personagem em particular (embora eu não descarte o apelo de Tom Felton, que interpreta Draco brilhantemente nos filmes e, ironicamente, é a pessoa mais legal que você poderia encontrar). Draco tem todo um glamour sombrio do anti-herói; as meninas são muito aptas a romantizar essas pessoas. Tudo isso me deixou em uma posição nada invejável de despejar o frio bom senso nos devaneios fervorosos dos leitores, dizendo a eles, bastante severamente, que Draco não estava escondendo um coração de ouro sob todo aquele sarcasmo e preconceito e que, não, ele e Harry não estavam destinados a se tornar melhores amigos.”
Eu entendo que ela esteja preocupada com a romantização de um de seus vilões, porém não se deve humilhar os seus fãs dessa maneira.
A série de Harry Potter é cheia de personagens com personalidades dúbias, anti-heróis, como Sirius Black, vilões cativantes, como Draco e Tom Riddle, e anti-vilões, e nesta categoria se encaixa Severus Snape. E só isto é o bastante para incitar a imaginação dos fãs, que se apropriam da história para criar as suas próprias. Este é um movimento cada vez mais comum, que pode ser observado, sobretudo, através das fanfics. A partir do momento em que se publica um livro, um conto, qualquer tipo de história, esta não mais pertence somente ao autor, pois cada leitor terá uma interpretação diferente dela, e é direito seu expô-la.
Da mesma forma que compreendo a preocupação da J.K., compreendo o apelo forte que Draco possui. Ele é um personagem interessante, pois, antes da publicação de sua biografia, tínhamos pouca informação sobre sua infância, seus anos na escola e seu futuro, além do que era mostrado pelo olhar de Harry (que está sujeito a juízos de valores e distorções). Os fãs procuraram preencher essas lacunas com as suas interpretações, que estão baseadas, claramente, no sucesso que anti-heróis e vilões possuem em nossa época. Eles costumam ser mais cativantes e interessantes que os heróis, porque eles possuem um sofrimento maior, mais próprio, e uma personalidade que pode oscilar entre características redentoras e más ações, o que os fazem parecer, para nós, mais humanos que o mocinho da história.
Ouso dizer ainda mais isto: Uma pessoa pode, sim, adorar um personagem sem, necessariamente, fingir esquecer ou criar desculpas para as más ações dele. E, se existem pessoas que shippam o Draco com a Gina, o Harry, a Hermione, quem quer que seja, é por causa da paixão que todos nós temos por relacionamentos dramáticos e tempestuosos, um mal herdado desde que Romeu e Julieta apareceu neste mundo.
Isto que falo não vale somente a ele, vale para qualquer personagem. O autor pode ter uma visão sobre ele e trabalhar em cima disso, mas é o fã que a interpretará da forma que mais lhe convier. E não acho que seja justo com ele que o autor fale que esta sua interpretação seja fruto de “devaneios fervorosos” e que ele está errado em “distorcer a verdade dos fatos”. Não existe nenhuma verdade universal, sobretudo nos livros. Desejar que isto exista, para mim, seria a pior das ditaduras.
3 comentários
Oie Isa
ResponderExcluirbem, achei a declaração da Rowling um tanto exagerada. Eu gosto de interpretar um personagem do meu jeito. E isso acontece e muito com os vilões, a quem comumente me afeiçoo muito.Quanto a Draco, o último filme deixa subentendido que ele era tinha um coração bom por baixo das maldades. Mesmo que a J.K tente deixar claro que ele era 100% mal, eu prefiro ficar com o meu julgamento rs e posso afirmar que eu me apaixonei por ele no primeiro livro (muito antes de ter visto o ator que nem era tão bonitinho assim na época do filme rs)
bjos e feliz 2015
www.mybooklit.com
Ótimo post! Eu gosto de Harry Potter, mas o maniqueísmo dos personagens é irritante e só deixa o livro pior do que deveria ser. Nem tudo é totalmente bom ou ruim, correto ou errado. O Draco Malfoy é um de meus personagens favoritos não por ser o vilão, mas por possuir uma dualidade e uma profundidade de personalidade que outros personagens não possuem.
ResponderExcluirE eu fico irritada com esse posicionamento da autora porque revela para mim que ela parece ser bem mais rasa do que eu esperaria... e isso é uma pena para uma autora que acompanhou minha juventude.
Beijos, Nereida
Água-Marinha.Net
Eu confesso que também me pego assustada com o afento que as pessoas tem por uma pessoa abusiva e racista como o Draco. Ele não trata bem ninguém e ainda chama a Hermione de "sangue ruim" que equivale a chingar pessoas negras, pobres, LGBTs ou judias! Ele é racista! Eu não acho que ela humilhou os fãs só teve um momento de medo em relação as meninas que romantizam pessoas abusivas, um medo com o qual eu também me identifico, diga-se de passagem.
ResponderExcluirLembro que a primeira vez que vi uma menina dizendo que o personagem favorito dela na série era o Draco fiquei me perguntando se havia esperança para o mundo. Porque ele é um menino rico, preconceituoso e covarde que ataca os mais frágeis... Ele ridicularizava o Rony por conta das roupas dele, essa dor eu conheço a de ser ridicularizada porque uso uma roupa velha ou um sapato surrado. Agrediu verbalmente a Hermione e não sentia remoço por isso... Ele é o tipo de pessoa que se sente superior as outras por ser rico e privilegiado.
Embora respeite o direito das pessoas de idealizarem e se iludirem e montarem um mundo no qual uma pessoa assim possa mudar ou não ser tão assim... eu estou do lado da J. K., faria o mesmo que ela fez. Embora acredite que não adiante muito, porque as pessoas sempre vão interpretar as histórias como querem e podem e não como o autor deseja!
Pandora
O que tem na nossa estante