A Elite, de Kiera Cass

10:23

Minha Classificação: ★ ★ ★ ★  
Há sempre um momento na estrada de nossas vidas em que esta se bifurca em duas direções opostas, e nós precisamos escolher qual dos caminhos seguir. E quem queremos ser. Algumas pessoas são capazes de decidir rapidamente o caminho que prefere seguir, a pessoa que almeja se tornar; outas, no entanto caminham sorrateiramente para um dos lados, mantendo os olhos fixos na direção do outro, incapazes de se comprometerem completamente com o futuro que escolheram.

No segundo livro da trilogia de A Seleção, America Singer encontra-se estancada à beira da tal bifurcação. Um dos lados a levará de volta à sua vida ordinária, à sua família e aos braços do seu tedioso ex-namorado Aspen; o outro caminho a levará diretamente para o coração do príncipe Maxon e para o trono de Illéa. Apesar de America estar cumprindo a sua promessa de escolher a sua própria felicidade - ao invés de escolher entre o Aspen e o Maxon -, ela o faz de forma egoísta e insensata.

A Seleção começou com 35 garotas. Agora restam apenas seis, e a competição para ganhar o coração do príncipe Maxon está acirrada como nunca. Só uma se casará com o príncipe Maxon e será coroada princesa de Illéa. Quanto mais America se aproxima da coroa, mais se sente confusa. Os momentos que passa com Maxon parecem um conto de fadas. Quando ela está com Maxon, é arrebatada por esse novo romance de tirar o fôlego, e não consegue se imaginar com mais ninguém. Mas sempre que vê seu ex-namorado Aspen no palácio, trabalhando como guarda e se esforçando para protegê-la, ela sente que é nele que está o seu conforto, dominada pelas memórias da vida que eles planejavam ter juntos. 
America precisa de mais tempo. Mas, enquanto ela está às voltas com o seu futuro, perdida em sua indecisão, o resto da Elite sabe exatamente o que quer — e ela está prestes a perder sua chance de escolher. E justo quando America tem certeza de que fez sua escolha, uma perda devastadora faz com que suas dúvidas retornem. E enquanto ela está se esforçando para decidir seu futuro, rebeldes violentos, determinados a derrubar a monarquia, estão se fortalecendo — e seus planos podem destruir as chances de qualquer final feliz.
Eventualmente, poderá conter spoiler.


Após aquele sofrido cliffhanger com o qual o primeiro livro terminou, finalmente começamos a compreender a singularidade da estória que Kiera Cass criou. A história da formação de Illéa é permeada de mistérios, não existem relatos por escrito, por isso todo o conhecimento é transmitido oralmente; dessa forma, é inevitável a existência de uma atmosfera mística e enaltecedora em torno dos homens que criaram o reino.  

Como é de praxe, acaba nas mãos de America algo que irá fazê-la descobrir a verdadeira história da sua nação. Nesse caso, isto é o diário de Gregory Illéa, o homem que, segundo conta a "lenda", foi o responsável por salvar o país do seu tirano governante e por fazê-lo, novamente, prosperar. Quando America descobre que Gregory Illéa possuí mais de vilão do que de mocinho, ao invés de ela utilizar essa informação em prol da causa rebelde, ela simplesmente guarda a informação para si mesma, incerta do que deveria fazer com aquilo. 

Eu havia ficado um pouco irritada com essa escolha, porém eu entendo que ela estava com medo de revelar o que sabia. Afinal, se o Rei descobrisse, ordenaria não apenas a sua execução, mas também a de sua família e a de todos que ele achasse que sabiam mais do que deveriam. Pensando sobre isso, respirei bem fundo e segui em frente. Para a minha eterna alegria, em certo momento a America resolve utilizar esse segredo para mostrar à população a verdade por trás do mito de Gregory Illéa. O que acontece depois disso é spoiler!

Enquanto America continua incerta sobre o que fazer com tal informação, os rebeldes continuam a atacar frequentemente o palácio, atrás de algo que ninguém sabe o que é. Porém, em um desses ataques, America desespera-se e perde-se no bosque que há por trás do palácio. Quando ela escuta vozes aproximando-se, ela esconde-se sobre os galhos de uma árvores, de onde ela consegue uma boa visão dos indivíduos debaixo dela e do tesouro que eles carregavam.

À medida que os capítulos passam, America descobre pequenas peças que são importantes para a revelação  da motivação e do caráter dos rebeldes. 

Esse é o maior diferencial do livro em relação a todas as outras tantas distopias YA lançadas recentemente: A America nunca viu os rebeldes como heróis, muito pelo contrário, ela os vê como assassinos sanguinários e desordeiros sem causa. Mesmo quando ela descobre certas verdades, ela continua acreditando nessa visão em relação a eles. Ela os teme e os odeia, ela não crê que os ideais deles sejam válidos. 

Porém, eu acho que em The One, o último livro da trilogia (todas choram), a America acabará apoiando a causa rebelde. E isso não é spoiler, é apenas a constatação de um fato, porque esse é o tipo de coisa que SEMPRE acontece.

“I should have proposed that night in your room.”
“I should have let you.”


Eu já falei uma vez sobre a necessidade de se usar certos clichês nos livros na minha resenha de City of Glass (Cidade de Vidro), e, assim como na saga de The Mortal Instruments, a trilogia de A Seleção é um  bom exemplo de como utilizar típicos clichês sem perder a essência da história. 

A melhor demonstração disso está no triângulo amoroso. Apesar de eu o considerar totalmente desnecessário, eu aprecio a forma como a America lida com isso. Ela não é devota do Aspen nem do Maxon; ela tem sentimentos por eles, que se interpõe e que se confundem, mas ela sempre se coloca em primeiro lugar. Às vezes, parece que ela está apenas usando o Aspen para se distrair da dor de ser "ignorada" pelo Maxon, e que ela o mantém próximo a si não por amá-lo, mas por ele representar uma rota fácil de fuga, caso o Maxon não a escolha para ser a sua rainha. É certo que ela ama o Maxon, porém do que adianta o amor, se ela não consegue confiar nele? Ela passa todo o livro acumulando segredos, coisas que ela poderia facilmente partilhar com o Maxon, porque são detalhes que, definitivamente, seriam do interesse do príncipe! 

Contudo, o fato de a America se colocar em primeiro lugar não necessariamente é bom. Ela age como uma criança em relação aos sentimentos dela. Ela se encontra frequentemente com o Aspen para ter momentos românticos, jantares fofos e beijos roubados, porém, uma única vez em que ela descobre que o Maxon está tentando, repito, tentando se interessar por outra garota que não seja ela, a America o acusa de ser tudo o que há de mais ruim e perverso no mundo. Por favor, né!

 Em momentos como esse, eu detesto a America. Contudo, logo acontece algo que me faz adorá-la outra vez. A America é uma personagem forte e determinada, sem dúvidas, e as melhores cenas são as que ela mostra que ela não será mais uma garota obediente e facilmente controlada pela ideia de ser a futura esposa do príncipe Maxon. Igualmente, uma personagem que me surpreendeu por tais características foi a Marlee. No começo, eu pensava que ela estivesse fingindo ser amiga da America apenas para, depois, se tornar a sua maior inimiga. Eu não poderia estar mais enganada, rá, rá, rá! A Marlee não é apenas uma amiga leal, mas também é uma pessoa com princípios; ela seguiu o seu coração e arcou com as terríveis consequências dos seus atos. (Preparem-se para fortes emoções!)

Quem também me surpreendeu bastante foi o Maxon. Ele passa de um rapaz fofo e cavalheiro para um jovem perturbado com o peso da responsabilidade que carrega desde o nascimento e com o ódio crescente por um pai cruel que o renega.

“Don’t tug your ear with anyone else. That’s mine.” I gave him a tight smile.
“A lot of things are yours, America.”


Quanto ao Aspen... Ele continua sem ter um propósito na narrativa. Ainda tenho a vaga esperança de surja um plot interessante para ele e que ele morra. Afinal, ele é um personagem mais do que inútil! E eu não acredito que alguém sentirá falta dele!

Então, o que você achou de A Elite?

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